Os aplicativos de encontros facilitaram a vida dos tímidos. Graças às inovações tecnológicas, pessoas com esse perfil se viram aptas a se encontrar com quem nunca teriam coragem de conversar pessoalmente e passaram a se relacionar melhor – ao menos virtualmente.

Apesar disso, muita gente se queixa de que, com a chegada de aplicativos como o Tinder, a frequência dos encontros ao acaso diminuiu e os encontros reais estão subvalorizados. Quem nunca ficou sozinho diante de alguém simplesmente porque a pessoa preferiu a companhia do celular? Mesmo em tempos de aplicativos, se relacionar com o outro exige ética consigo mesmo e com o próximo.

Vivemos um tempo de hiper-estímulos, no qual o aumento das conexões (reais e digitais) pode gerar necessidades, desejos e muitas dúvidas. Por isso muitas pessoas têm medo de se conectar verdadeiramente. Quando nos relacionamos, percebermos nossas fraquezas e virtudes, e a partir disso vamos construindo novas possibilidades de relações, compartilhamento, aprendizado e desenvolvimento emocional.

No app ou ao vivo, manter a ética ainda é essencial

Os relacionamentos amorosos têm o poder de trazer à tona nossos medos, as ditas “neuroses” e podem revelar o que há de melhor e pior em nós. Em um tempo no qual a imagem e o imaginário se confundem, nossos desejos e necessidades, ou seja, aquilo que nos constitui, é projetado e idealizado no outro, e isso muitas vezes gera expectativas que podem não estar conectadas com a realidade.

Mas amar na imanência do real do outro é o que nos possibilita construir intimidade e desenvolver relacionamentos de longa duração. Apesar das facilidades que os aplicativos oferecem – quem precisa quebrar o gelo quando se pode fazer escolhas apenas com o deslizar dos dedos? – ainda precisamos vencer as barreiras da intimidade e lidar com as diferenças do outro quando percebemos qualidades e defeitos reais.